top of page
Buscar

A ALEGRIA GUERREIRA - a partir de “A Cabeça de Tereza” de Jam Soares

  • Foto do escritor: capivara crítica
    capivara crítica
  • 28 de abr.
  • 2 min de leitura

Depois de passar por tecidos grafitados e chegarmos em um corredor forrado com folhas de mangueira, ouvimos em voz off decretos do ano de 2035 proibindo qualquer tipo de questionamento ao Estado. Em contraponto, lá longe ouvimos um canto-convocação



“Eu vim aqui cantar pra chamar meus companheiros / Eu vim aqui cantar pra chamar minhas companheiras / Recebam meu afeto, que a luta é todo dia / Recebam meu afeto, que só se vence com energia”.



O canto longínquo vai se aproximando, e se materializa na figura de Tereza Sankofa, defensora pública negra, armada com uma espada de Iansã, protegida por búzios e ornada com tecidos bordados de adinkras. A peça se desenvolverá entre esses polos: de um lado a voz opressora imaterial e de outro a figura humana que resiste à seculos de violência.



A potência transformadora desse espetáculo está justamente em aproximar o público da personagens resistente, vista como pessoa e não como heroína distante. Diferentemente de algumas formas politizadas do teatro, nas quais as figuras revolucionárias são mostradas como sérias e carrancudas, aqui a cabeça da revolta sorri, abraça, canta e avança. Através dessa aproximação, olhando-nos olho no olho, nos configuramos como um bando, suspendendo o ritmo da Av. Paulista e afastando a voz do Estado.


Ao fim, a esconderijo de Tereza é descoberto pelas forças policiais. Ela foge, e nós permanecemos, aguardando o momento em que a porta será arrombada e nos depararemos com a violência de Estado. Nesse breve, momento olhares se cruzam e pensamos no que fazer.



É nessa encruzilhada que peça nos coloca, forçando-nos a reelaborar nossas estratégias de combate. Projetando no futuro nossa violência histórica, Jamile Soares também imagina ilhas de resistência a partir do exemplo sorridente de mulheres reais que inspiram a criação de Tereza. Somos convidadas à olhar para o passado para imaginar um futuro que não seja a repetição do presente. E nesse exercício de ficção, a alegria é a arma que inverte os sentidos, e surpreende o inimigo.


ree

 
 
 

Comentários


SOBRE

CONTATO

Um espaço de experimentação da crítica teatral.
2 pontos de vista por 2 universitários.

E-Mail: capivaracritica020@gmail.com
@barbaracunhaf

@danni_vianna_

© 2025 por Capivara Crítica

 Orgulhosamente criado com Wix.com

  • Instagram
bottom of page