top of page
Buscar

a cabeça de quem? - a partir de “A Cabeça de Tereza” de Jam Soares

  • Foto do escritor: capivara crítica
    capivara crítica
  • 28 de abr.
  • 2 min de leitura

“A cabeça de Tereza” nos coloca em uma espécie de futuro distópico, ou não tão distópico assim. É uma especie de “Namíbia, não!”, que nos choca com um futuro de decretos tenebrosos aceitados como norma, mas que nos faz refletir sobre o quão próximos estamos dessa realidade.


Em cena, vemos apenas uma mulher, que nos recebe em seu esconderijo, Tereza, porém a atriz recebe vários outros personagens em si, porque em seu corpo habitam todos que vieram antes dela, todas por quem ela luta.


O sobrenome da personagem que dá título à peça é Sankofa, como o pássaro.


Essa obra é uma encruzilhada entre presente, passado e futuro. Ela nos pergunta se continuaremos deixando que corpos pretos no poder sejam mortos, como Marielle foi, e não faremos nada.


Ela termina a peça escrevendo “Todo poder ao povo”. Precisamos pensar no significado disso. O que é esse povo brasileiro? Como pensar no povo brasileiro quando esse povo elegeu quem mandou matar Marielle?


O imaginário do povo é algo sério. E é nesse ponto que Jam Soares toca quando ela diz que continuará contando as histórias e revivendo a memória que o Estado Brasileiro quer que o povo esqueça. Lembrar é perigoso quando aquilo que é lembrado faz o poder se defrontar com o que ele tenta esconder.


Ao entrarmos no espaço da peça, imediatamente somos colocados em uma espécie de instalação, em um corredor com um símbolo de resistência desenhado.


Não existe outra opção senão resistir, mas resistir é exaustivo, Tereza está cansada, como também estão cansadas todas as outras pessoas que lutam com ela.


E na plateia, somos convocados a lutar, porque a luta em coletivo é menos exaustiva.


Tem uma premissa que acompanha a obra: a ideia de modernização e destruição.


Enquanto o país estiver focado em se modernizar, ele vai continuar apagando o preço que se paga pelo progresso.


Tereza vai continuar lutando, nos juntaremos a ela ou continuaremos defendendo-a só em discurso?


ree

 
 
 

Comentários


SOBRE

CONTATO

Um espaço de experimentação da crítica teatral.
2 pontos de vista por 2 universitários.

E-Mail: capivaracritica020@gmail.com
@barbaracunhaf

@danni_vianna_

© 2025 por Capivara Crítica

 Orgulhosamente criado com Wix.com

  • Instagram
bottom of page