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AMAZONIAS: ver a mata que te vê [um manifesto poético] - SESC SP

  • Foto do escritor: capivara crítica
    capivara crítica
  • 28 de abr.
  • 2 min de leitura

AMAZONIAS pode ser manifesto, mas tem cara de espetáculo grandioso. Somos guiados por 35 jovens atuantes e 4 convidados a olhar para a Amazônia, não apenas como uma floresta, mas a Amazônia em cada um, porém a mensagem perde sua potência em meio a maquinaria teatral.


Quando olhamos de perto, a dramaturgia é, sem dúvidas, uma preciosidade na obra e com mensagens muito potentes, mas ela acaba ofuscada pela espetacularidade das luzes, das projeções, etc.


Esse é um risco a se correr quando pensamos em um manifesto poético. Para além daquilo que é dito, é preciso olhar para a estética também como manifesto. É evidente que ocorreu uma pesquisa, que aquele elenco foi convidado a explorar materiais, instrumentos, corpos, danças e línguas durante o processo de criação, porém a estética que nos salta aos olhos passa a se assemelhar bastante com a de grandes musicais, nos quais ficamos fixados muito mais pelos números e pela grandiosidade do cenário do que pelo que está sendo dito.


Isso é bastante penoso quando pensamos nessa obra, porque muito está sendo dito ali!


Infelizmente, saímos de lá falando “uau, como o Brasil é bonito e colorido”, o que se distancia muito do que parecia ser o intuito da obra. Cria-se uma falsa ideia de brasilidade quando a potência da obra estava justamente em questionar a formação desse Brasil que não vê a mata que o cerca e a destrói sem escrúpulos.


Ainda assim, é importante valorizar a preciosidades da obra. São poucos os momentos que vemos o elenco jovem tomar a palavra e olhar para essa obra como DELES e não apenas uma encomenda do SESC, mas quando isso acontece é muito arrebatador! Somos capazes, nestes momentos, de ver esses jovens pensando juntos passado, imaginando futuro e instaurando no presente uma nova possibilidade de existência. A cena “mata-cidade-cidade-mata” é um achado nesse sentido, eles conseguem aqui, nesta uma cena transmitir aquilo que é mais potente na obra: a relação hoje-são paulo-amazonia-jovialidade-ancestralidade-marginalidade-mata-morte.Em meio a toda a espetacularidade, momentos como esse, em que a mensagem é, de fato, entregue, são um respiro, ainda que angustiado, de compreensão daquilo que vivemos e de tudo que ignoramos em 522 anos de história.


Por fim, com AMAZONIAS, podemos ver a necessidade de mais projetos como esse, de se estar pensando junto com jovens criadores e de dar a oportunidade desses jovens ocuparem espaços tão importantes quanto o SESC Pinheiros, porque ainda que AMAZONIAS tenha problemas com a mensagem final, a experiência ganhada com este processo de meses é capaz de trazer mudanças significativas tanto para a cena teatral de São Paulo quanto para a individualidade de cada um desses jovens.


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