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Atacar pelo coração? - a partir de Cabaré Coragem do Grupo Galpão

  • Foto do escritor: capivara crítica
    capivara crítica
  • 28 de abr.
  • 2 min de leitura

Entrar em uma sala de espetáculo-cabaré, ser tomado pela linguagem que garante diversão com muita acidez por trás e refletir sobre teatro, trabalho e decadência. Foi isso que o Grupo Galpão prometeu na sua nova criação. O gosto indigesto da cachaça permanece comigo até agora, não porque era uma cachaça barata como eles faziam crer, mas porque o que é abordado ali pode descer rasgando.


Nessa nova criação, o Grupo Galpão assume a linguagem do Cabaré, que tem voltado a se popularizar, para endereçar a luta de classes. Nada é o que parece ser e viver nesse mundo é muito perigoso.


De fato! A cena mais perigosa de todo o espetáculo, no entanto, é a da transformação da mulher de bem. Ela não é uma cena que envolve riscos físicos, ou que poetiza a mensagem, ela é o que é, simples e na lata: zoomorfização e maniqueísmo humano.


O Galpão ocupa um lugar que nem todo grupo de teatro consegue alcançar de poder falar para além dos seus. Por ter a trajetória que tem, por sempre ter atuado entre o erudito e o popular, consegue acessar um público que pode discordar politicamente dele, mas que está ali porque gosta de teatro e gosta do grupo. Colocar uma cena como essa da transformação é escolher afastar quem pensa diferente. É deixar a ironia se transformar em repulsa e barrar o diálogo.


Mas eles avisaram, nem tudo é o que parece, viver nesse mundo é perigoso. Talvez a crítica esteja aí. Talvez nem os artistas estejam impunes. A nossa escolha pelas dinâmicas de poder são conscientes da mesma forma que a figura da Madame, presente em toda a obra, nos fala que um patrão sempre está ciente dos desejos revolucionários do proletariado, ele assiste a esses desejos, permite que alguns deles tomem voz, mas os calam quando ultrapassam limites.


A escolha por terminar o espetáculo com uma revolução em que Madame é roubada do dinheiro, da bengala e do coração me deixou com uma pulga atrás da orelha. Por que saquear, ou seria, tomar de volta, o coração?


Talvez em uma revolução artista atacaremos ai?


Não sei, não sei, como diria Singapura: “perdon, hoje estou me sentindo política, poética, intuitiva, cômica”!


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