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Cuidar da cabeça |a partir de “ORI - o sentido de reexistir”do Teatro em Trâmite

  • Foto do escritor: capivara crítica
    capivara crítica
  • 28 de abr.
  • 2 min de leitura

“Ori” começa cheio de perguntas existenciais e ontológicas. Todas elas funcionam para percebermos que essa é uma obra que nasce da crise, da crise de uma pessoa preta frente ao mundo desencantado, frente à violência com o povo preto e frente à frustração com a justiça que nunca chega.


Ori é a cabeça, mas vemos no palco um só corpo-cabeça, trabalhando para dar sentido a si. Essa cisão entre cabeça e corpo é invenção do ocidente. Tudo é junto, conectado, um. Cuidar do Ori é dar paz ao corpo.


Somos levados por uma dramaturgia de pontos para acompanhar a trajetória dessa pessoa em reestabelecer sua crença e se fortalecer em seus antepassados.


E apesar da experiência estética ser mais aprofundada para um público de terreiro, essa não é uma peça que pretende comunicar-se só com os seus, mas abrir o caminho para que todos possamos reconhecer a existência humana como um grão dentro daquilo que não sabemos, e para que possamos ter fé nos nossos guias.


Sobre religião e fé, precisamos entender que apesar do cristianismo se comunicar com a grande maioria da população brasileira, inclusive a população negra, em sua maioria evangélica, a religião cristã se apoia nos jogos de poder do capitalismo viral e nunca mediu esforços para ser intolerante.


Em “ORI”, a fé existe como ferramenta de luta. A religião traz justiça no acerto das contas e ela não é justificativa para desistir de lutar, e deixar a justiça vir de outro plano, mas incentivo para lutar com mais força com todos os seus antepassados ao seu lado, com as entidades te orientando.


Embora a solidão seja evidenciada no mundo material, no mundo espiritual, esses corpos estão acompanhados de um exército que terá a sua vez. E cada vitoria será comemorada. Cada vitória é caminho para justiça. E no fim, o retorno ao mar, kalunga grande, se dará para descansar junto com os seus.


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