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DRAGÓN de Guillermo Calderón

  • Foto do escritor: capivara crítica
    capivara crítica
  • 28 de abr.
  • 2 min de leitura

Dragón é uma peça de dissenso, uma peça em crise que questiona aquilo que preferimos não falar sobre. Um grupo de artistas chilenos em ascensão se vê em crise quando pensa sobre lugar de fala, violência e possibilidades de criação. A recepção do espetáculo foi controversa, porque evidenciou um nacionalismo brasileiro “para inglês ver”, aquele no qual, aqui dentro nós podemos e falamos mal de tudo, mas se alguém, que não é brasileiro, falar mal do nosso país, defendemos com unhas e dentes.


Na obra, vemos atores em crise com como lidar com o próprio aburguesamento da arte e como tensionar as questões pertinentes entre Brasil e Chile e que decidem, portanto, aos moldes do Teatro do Invisível de Augusto Boal, fazer uma performance na fila de uma suposta instalação do grupo Dragon, em que uma trabalhadora imigrante brasileira pedirá ajuda depois de pedir um aumento e ser humilhada pela chefe. Porém tudo isso é embasado por uma necessidade do grupo de falar de outros corpos - corpos pretos e corpos brasileiros - que não sejam os deles e aí que entra o conflito. O grupo por fim questiona aquilo que é falso, desde a própria peça até os conflitos que aparecem dentro dela.


A dramaturgia e encenação são muito inteligentes na apresentação das crises através dos diálogos que tratam de discussões dos artistas de hoje. O trabalho parece refletir a própria crise atual do teatro.


É muito claro, durante toda a peça, o humor ácido e as escolhas de atuação pelo efeito dramalhão da coisa. Os personagens tem reações exageradas, se jogando no chão e os próprios atores se colocam em uma posição de ridículo.


Tudo na obra vai criando sentido aos poucos, desde os diálogos até as projeções usadas, para chegarmos ao final e reconhecermos que aquilo fala de nós, ainda que esse reconhecimento desça engasgado e amargo na garganta.


Essa é uma obra quebra-cabeça, muito por se tratar de uma traição dentro do grupo na qual não sabemos o que se passou. Ela vai aos poucos deixando claro o quadro geral. E é assim também para entendermos sobre o que de fato a peça está falando, é necessário um tempo de reflexão.


E foi justamente sem esse tempo de reflexao que, após a sua última apresentação no MIRADA 2022, um debate mediado por Daniela Avila Small se deu. Toda a situação parecia mais uma cena da peça de tão indigesta. Nele as questões da representação de outra nacionalidade com um sarcasmo e humor ácido e o lugar de fala foram levantadas. O debate foi, como um todo, muito desconfortável para a plateia, mas principalmente para os artistas. Porém, comentaremos sobre isso no nosso próximo post, em que estrearemos nosso novo formato: CRÍTICA DA CRÍTICA.

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