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EM CADEIRAS MODERNAS, COMEMOS NA MESA COLONIAL - a partir de “Babilônia Tropical: a nostalgia do açúcar”

  • Foto do escritor: capivara crítica
    capivara crítica
  • 28 de abr.
  • 2 min de leitura

A história do Brasil - e consequentemente a história do teatro brasileiro - é feita mais de continuidades do que de rupturas. Esse fato se concretiza cotidianamente nas notícias de jornais, que se repetem a cada dia, ou na paisagem urbana, que se altera incessantemente mantendo as mesmas estruturas da desigualdade. E as instituições culturais não estão apartadas disso.


Quando entramos no Centro Cultural Banco do Brasil, vemos coabitando no mesmo espaço a arte cinética de Sérvulo Esmeraldo com adornos de ramas de café dourado. Subimos de elevador operados por ascensoristas, para depois do espetáculo sermos servidos de champanhe por garçons paramentados. Esse contexto, no qual a colônia surge como cena fantasmagórica que assombra o presente, produz nossa babilônia tropical, ao mesmo tempo crítica e nostálgica de um passado que passou e não passou.


Em uma cena equipada por projeções e microfones, vemos uma peça sobre a impossibilidade de se fazer uma peça; o conflito entre uma atriz e um diretor brancos que insistem em representar a história de Ana Paes, e uma atriz e um figurinista-ator negros que apontam para as contradições e violências dessa personagem. Nesse embate de ideias, vemos como as atitudes da senhora de engenho pernambucana se repetem nos gestos de uma certa categoria de artistas brancos “muito bem intencionados”. Dessa maneira, a peça nos desperta o olhar crítico sobre falsas alianças, ou discursos ditos decoloniais que não vão à raiz do problema.


Contudo, ao criticar as estruturas da colonização, a dramaturgia acaba recorrendo aos parâmetros clássicos do drama social europeu do século XIX. Caracterizado principalmente pelo embate verbal de ideias, a peça torna os personagens em emblemas de pontos de vista sobre determinado assunto. Como eixo, surge a figura do raisonneur, personagem estranho à situação que analisa, comenta e dá a palavra final sobre a cena. Há um desalinho entre essa estrutura pautada na razão única, e o discurso do espetáculo que almeja uma pluralidade de vozes capazes de libertar o futuro, como aponta a última cena.


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