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ENCONTROS POSSÍVEIS PARA AS INFÂNCIAS - sobre “Pa’ra - rio de memórias” de Lenise Oliveira

  • Foto do escritor: capivara crítica
    capivara crítica
  • 28 de abr.
  • 2 min de leitura

“Mãe, o que é Sate… Sateré?” “Vish, eu também não sei, mas aqui deve explicar” Então folheiam o programa da peça, buscando o conhecimento que ambos - adulto e criança - desconhecem. Essa cena do cotidiano, vista antes da peça começar, resume um pouco o que ocorre quando assistimos “Pa’ra - rio de memórias”. Reconhecer nossas ignorâncias é a premissa necessária para o encontro com Dalú, a criança Sateré-Mawé que conduz o público paulistano à descobrir a realidade - ao mesmo tempo próxima e distante - das infâncias nortistas, indígenas e periféricas.


Para realizar essa tarefa, a peça articula diferentes elementos que convocam o público a imaginar as ruas de Mairi (Belém do Pará) com suas mangueiras, mercados e igarapés. Ao mesmo tempo, através da manipulação de objetos feita pela atriz, vemos bancos indígenas se transformarem em arranha-céus de São Paulo, plantas falarem, cestarias se tornarem encantados. Também a trilha sonora propõe um jogo imaginativo, nos levando da floresta à cidade através dos ritmos, timbres e melodias. Longe de criar uma imagem exotificante, os elementos visuais e sonoros mostram as possibilidades de uma vivência indígena urbanizada, na qual convivem os conhecimentos ancestrais com o brega paraense.


Justamente por atuar na reconfiguração do nosso imaginário, a todo momento a plateia participa do espetáculo, seja através da imaginação seja efetivamente respondendo perguntas da personagem. Quantos povos indígenas existem no Brasil? Quantas línguas? O que quer dizer Sateré-Mawé? Assim, de forma lúdica, o espetáculo vai mostrando todo um universo que foi apagado dos currículos escolares, dos meios de comunicação, das programações dos teatros.


Assim, Lenise e as artistas envolvidas no projeto nos mostram as possibilidades políticas do teatro infantil, como um espaço de disputa de imaginários no qual diferentes culturas entram em diálogo e conflito. Seguindo a linha de “Quando eu morrer, vou contar tudo a Deus” e de “Zebra sem Nome”, “Pa’ra - rio de memórias” não tem medo de mostrar o lado político e combativo que as infâncias podem ter.


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