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ENTRE A PEDAGOGIA E A MERCADORIA - sobre “Amazonias: ver a mata que te vê [um manifesto poético]”, Sesc SP

  • Foto do escritor: capivara crítica
    capivara crítica
  • 28 de abr.
  • 2 min de leitura

Fruto de um processo de nove meses nos quais as/os artistas tiveram contato com mestras/es de diferentes saberes e origens, o manifesto poético transparece os aprendizados que emergem quando entramos em contato com outras epistemologias. Ao pesquisar a Amazônia, em sua multiplicidade de experiências, redimensionamos nossa vivência urbana, também ela diversa e múltipla. A escolha por criar uma obra a partir das pesquisas desenvolvidas durantes meses de trabalho, ao invés de simplesmente montar uma obra pré-concebida, revela uma preocupação política de desmanchar as imagens cristalizadas que temos desse território ao mesmo tempo distante e próximo.    


Contudo, há sempre um risco da criticidade se perder durante a transformação do processo pedagógico em um produto teatral. A carga de uma tradição cênica ocidental, pautada na grandiosidade dos efeitos, pesa sobre as dimensões do teatro Paulo Autran, fazendo com que muitos dos comentários ao final da peça se voltem para as cores, os adereços, as luzes. Em meio à profusão de estímulos sensoriais, as palavras políticas do manifesto se perdem, revelando que, apesar do discurso ser anticolonial, a forma-espetáculo é da ordem do consumo. 


Essa contradição se agrava quando, ao sairmos do teatro, nos deparamos com uma linha de produtos amazonias vendidos nas lojas Sesc. As relações materiais estabelecidas conflitam com a crítica que o próprio espetáculo faz em relação à sociedade capitalista, que por meio de formas produtivas exploratórias e do consumo desenfreado, destroem todo um ecossistema. A hiper valorização do ouro esconde a intoxicação por mercúrio presente em milhares de comunidades ribeirinhas. A pessoa se vê diminuída diante do produto que ela mesma produziu. 


E no mundo artístico, as regras não são diferentes. Inicialmente, as/os jovens artistas recebiam um salário de 700 reais para trabalhar cinco vezes por semana. Um cenário exuberante enquanto as atrizes e os atores recebem menos de um salário mínimo, faz com que os eventuais problemas técnicos se transformem em problemas éticos.


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