FIGURA HUMANA - Tercer Abstracto
- capivara crítica
- 28 de abr.
- 2 min de leitura
Um convite para observar, esse é um dos primeiros momentos da obra.
O caminho que a figura humana percorre a partir desse convite acontece de bastante forma guiada e calculada, mas permite emancipação para, ao fim, criarmos uma trajetória própria.
Partindo de um abstrato muito exato - uma investigação científica precisa do manifesto “Homem e Figura Artística” (1925) de Oskar Schlemmer - esse coletivo de pessoas cria seu próprio manifesto quando indaga: E se passássemos a pensar o corpo como mobilizador da arquitetura social?
O que estávamos acompanhando até aqui, o treinamento do olhar, as ferramentas que eles nos deram a partir da pesquisa científica e as formações já introjetadas na nossa memória, tudo será redimensionado e ganhará outros sentidos.
Assim como o grupo se apropriou das ferramentas de Schlemmer, quem assiste também o fará, tomará para si não só as ferramentas de Schlemmer, mas as do próprio Tercer Abstracto, para se permitir observar, agora, de outra forma, pulsando na necessidade de mobilização.
As formações corporais-imagéticas ganham contexto e nos remetem a imagens da nossa própria memória social, criando um movimento de reflexão: Qual foi a minha figura humana nestes momentos em que a arquitetura urbana-social estava se impondo? Qual é ela ainda hoje quando sou convidado a agir?
Fomos primeiro convidados a observar, e o fizemos. 1. porque é quase hipnotizante a maneira como tudo vai sendo construído 2. porque a sonografia funciona muito bem com a obra, cria junto com ela. O que ouvimos está tão bem colocado, instaurando o ambiente investigativo e depois sutilmente começando a alterá-lo com apenas uma menção melódica até finalmente dar palavra para a vontade de “botar meu bloco na rua”.
Não podemos negar que ao fazer isso, ao escolher essa música, com o significado que ela tem, Tercer Abstracto está deixando claro o seu intuito: chamar para a mobilização, fazer entender sua necessidade Mas e aí? Observado tudo, quando o momento for, se já não o é, necessário, agiremos?
Uma peculiaridade é que quase como um efeito colateral, essa criação consegue estabelecer um movimento duplo: chama para a mobilização na arquitetura urbana-social, mas também o faz para a ação de pesquisa, de fazedores de teatro, de investigar a figura humana e criar a partir dela. Isso é um grande feito, pensar no encontro entre mobilização e arte não só dentro da sua própria obra, mas lançando provocações para que outros artistas e pesquisadores se aventurem da mesma forma.

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