top of page
Buscar

O RISO É SÉRIO - a partir de “O novo velho costume” do Coletivo Inversão

  • Foto do escritor: capivara crítica
    capivara crítica
  • 28 de abr.
  • 2 min de leitura

O que configura um coro? Na maioria das vezes imaginamos que a coralidade é sinônimo de unanimidade. Em cena isso se traduz em um grupo de pessoas que realiza gestos iguais e entonações monotonais. Contudo, haveria outra forma de criar estéticas coletivas? Formas que desviem dessa lógica na qual para estar juntos todos têm que estar de acordo?


O Coletivo Inversão, da Escola Municipal de Teatro de Primavera do Leste, flagra essa questão ao dar diferentes tratamentos para “Aquele que diz sim, aquele que diz não”, de Brecht. 


No primeiro momento, a narrativa conta a história de um menino que aceita o grande velho costume de ser jogado ao vale por não conseguir seguir adiante em uma viagem. Para nos mostrar esse processo, o coro assume seu caráter militarizada uníssono. Aqui ser coro é estar de acordo. 


Já no segundo, vemos uma menina que está na mesma situação que seu colega de cena anterior, contudo ela decide negar a tradição propondo um novo costume: sempre refletir a cada situação. Para isso, o grupo cria um coro cênico, polivocálico, que discorda entre si, que assume variados pontos de vista, mas que caminha junto. Aqui coro é discordar.


A peça explicita a intricada relação entre forma e conteúdo, ambos produtores de ponto de vista sobre a realidade da qual o teatro participa. Nesse sentido, o que essa peça mobiliza em Mato Grosso? O que essa peça mobiliza aqui em São Paulo? Quais tradições são rompidas ao assistirmos esse grupo de jovens?


Para o público paulistano, acostumado a sua hegemonia, é espantoso se confrontar como uma coletividade mato-grossense capaz de indagar a tradição brechtiana. Na mediação pós-espetáculo uma atriz questionou: será que tudo precisa ser sério? Será que precisamos olhar para a tradição com um olhar carrancudo, seja para aceitá-la ou para negá-la? Ou podemos nos olhá-la com uma gargalhada, expondo-a ao ridículo, mas também sendo capaz de se divertir com ela? O grupo nos convida não só a nos embater com o passado ou com o futuro imposto, mas também com o presente, seja na escola, na família e no teatro.


ree

 
 
 

Comentários


SOBRE

CONTATO

Um espaço de experimentação da crítica teatral.
2 pontos de vista por 2 universitários.

E-Mail: capivaracritica020@gmail.com
@barbaracunhaf

@danni_vianna_

© 2025 por Capivara Crítica

 Orgulhosamente criado com Wix.com

  • Instagram
bottom of page