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PARA ABRIR EL PECHO Y SACAR EL ALMA - sobre Discurso de Promoción, do Grupo Cultural Yuyachkani

  • Foto do escritor: capivara crítica
    capivara crítica
  • 28 de abr.
  • 2 min de leitura

A peça acaba. Vou agradecer o ator, Augusto Casafranca, que aperta minha mão e me abraça. Eu desabo. Choro. Choro como se ambos tivéssemos perdido um parente próximo. Choro aquilo que não chorei diante das atrocidades mostradas durante o espetáculo. Choro e ele me diz: “Gracias por abrir el pecho para nuestros dolores”. Creio que esta frase sintetiza as intenções de um festival de teatro iberoamericano: criar a solidariedade entre artistas e públicos latinoamericanos; fazer ver que mesmo falando outras línguas, conseguimos compreender que nuestros dolores são efetivamente nuestros, compartilhados. E essa sensação surge justamente através da apresentação de um grupo com mais de 50 anos de história, e portanto com mais de 50 anos de processos compartilhados, cuja autoria e responsabilidade são coletivas. Miguel Rubio não assume a postura de diretor ausente, que apenas observa, mas sim de um agente implicado no espetáculo, auxiliando as entradas e saídas, conduzindo o público, participando efetivamente do acontecimento cênico. No 1° ato, ele assume o papel de diretor do “Colegio 2021, rumbo al bicentenário”, que promove uma festa para arrecadar fundos para uma viagem escolar à Machu Pichu. O clima é festivo e enaltecedor da pátria peruana. O público ri, canta, dança. Estamos juntas/os por meio da alegria. Contudo, somos levados para um outro recinto do galpão portuário que abrigou o espetáculo. Então, somos confrontado com a outra face da festa e o outro lado do quadro “Proclamación de la Independencia del Perú” - equivalente ao nosso “Grito do Ipiranga”. Passeiam diante do público atônito as atrocidades do programa de esterilização forçada da ditadura de Fujimori, a prostituição infantil nas minas de Guacamayo, o imperialismo Americano e o Plano Condor. Mas também emergem as lutas de resistências do povos originários, dos parentes de desaparecidos, da população dissidentes sexual e de gênero, muitas e muitas lutas passam a se infiltrar e alterar o quadro clássico da independência peruana, nos instigando a rasurar também o nosso “Grito do Ipiranga”.


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