POR UM OUTRO SONHO FELIZ DE CIDADE - sobre Anonimato, da Cia. Mungunzá
- capivara crítica
- 28 de abr.
- 1 min de leitura
Partindo da pergunta “o que tiraria você de casa hoje?”, o grupo nos convoca à imaginação poética e política. Nos convoca a uma caminhada de 100m, em direção ao mar, rumo ao horizonte. Nos convoca a sustentar uma lona de circo no calçadão da praia. Por fim, nos convoca a levantar bandeiras e dançar ao som do barulho das ondas. No meio dessas ações, um pipoqueiro, uma padeira, uma grávida, um homem placa, um rapper e o público dizem e representam seus sonhos, individuais e coletivos. Somos indagados. “Quantas vezes você parou de sonhar?”. Uma voz de criança diz ao microfone para que todas/os ouçam: NENHUMA. Assim, a frase de Galeano - “Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar” - ganha outros contornos quando ditas diante da imensidão marítima, que é rapidamente obstruída por um gigantesco cargueiro da Evergreen. “Mercadorias sobre horizonte”, esse poderia ser o nome do quadro que sintetiza a peça apresentada na praia da Aparecida durante o MIRADA. Ou também, “balões vermelhos voam sobre a bandeira do brasil”. Evidentemente essas imagens não foram programadas pelo espetáculo, mas revelam como que o teatro de rua é capaz de interpretar criticamente cenas naturalizadas do cotidiano. Revelam que, por trás da imagem turística da orla de Santos, há perspectivas de mundo em confronto. E a peça vai além da revelação e exposição dos conflitos, na medida em que realiza uma convocatória, nos impelindo a agir imaginativamente, a participar do ato - ou do te-ato para remontarmos às ideias do Oficina. É uma peça que sonha outras felisCidades.

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