top of page
Buscar

QUANDO NOS REUNIMOS, O QUE ACONTECE? - sobre Odisseia, da Cia. Hiato

  • Foto do escritor: capivara crítica
    capivara crítica
  • 28 de abr.
  • 2 min de leitura

Dizem que os naipes do baralho falam sobre a guerra: ouros e copas nos mostram os motivos do conflito; paus e espadas nos revelam as armas do embate. As cenas de Odisseia também falam sobre isso, cada qual com uma atriz narrando uma perspectiva sobre sua própria vida e também sobre a épica grega. Um pai ausente, um boy lixo, uma dançarina do ventre, uma coach de negócios e cachorros de soldados vão revelando as faces terrenas e cruéis das grandes figuras mitológicas gregas. E com esse gesto, no qual 2022 e 900 a.C colidem, o público se identifica nas histórias, vendo a si mesmo ora como Calipso, ora como Penélope e até mesmo como Ulisses. O que a peça propõe é que - apesar de não sermos reis, rainhas, feiticeiras ou deusas - há algo que permanece nesses três milênios percorridos. Há algo que passou e não passou. Uma leitura apressada apelaria para uma suposta essencialidade humana dos conflitos amorosos e interpessoais. Contudo os depoimentos dados pelas atrizes enfatizam as construções sociais que geram essa repetição dos padrões narrativos, buscando ensaiar outros fins possíveis para as Penélopes da família de uma das atrizes, por exemplo.


    Essa proximidade distante é construída desde o início, quando as atrizes recebem as/os espectadoras/es com doses de cachaça como se fossemos amigas/os que não nos encontrávamos há muito tempo. E aqui a ficção homérica também se aproxima da condição das/dos espectadoras/es e das atrizes, que se viram distantes por dois anos em meio a uma guerra epidemiológica. Assim, Odisseia potencializa esse reencontro, instigando o público a entrar no palco, dançar, cantar, comer junto. Não sabemos se alguém vai tropeçar, se engasgar, desafinar ou então contar uma história chocante. Não sabemos se festejaremos ou se vamos chorar. A única coisa que sabemos é que, por quatro horas, estaremos juntas/os para - quem sabe? - contarmos outras histórias.


ree

 
 
 

Comentários


SOBRE

CONTATO

Um espaço de experimentação da crítica teatral.
2 pontos de vista por 2 universitários.

E-Mail: capivaracritica020@gmail.com
@barbaracunhaf

@danni_vianna_

© 2025 por Capivara Crítica

 Orgulhosamente criado com Wix.com

  • Instagram
bottom of page